Buraco Negro
Poucas coisas são tão cheias de simbolismos quanto chamar um Buraco Negro de buraco negro. E nada mais acertado do que descrever uma depressão como buraco negro.
Um buraco é antes de mais nada um espaço vazio. Um nada. Ou melhor, algo que antes havia e foi retirado. Mais que um vazio, o buraco é algo que havia e que agora não está mais lá.
Eu tinha uns nove anos quando li na Superinteressante sobre buracos negros e o que eles eram. Um buraco negro é tudo, menos um buraco. Uma forma genial de se chamar algo tão diferente de um buraco.
Quando as estrelas gigantes morrem elas deixam no lugar um buraco negro. O mais bonito disso é a composição desse buraco: o mesmo que antes fazia a brilhante estrela. Só que agora comprimidas em um espaço muito menor, se colapsando e friccionando a matéria condensada.
Como gravidade é peso, aquela bolinha onde havia uma estrela ainda possui a mesma força gravitacional e vai lentamente puxando tudo em volta dele. E cada vez que algo é absorvido pelo buraco. Sua massa é somada. Nada se cria, tudo se transforma, também para o mal.
O monstrinho vai crescendo, devagarinho como um balé em slow motion do tempo relativo de Einstein. E ele se torna tão denso que consegue absorver a luz que transita em volta dele.
Esse é o momento que a astrofísica parece poesia. O buraco negro parece nada, escuro, invisível, quando na verdade é tudo. Está na nossa frente mas é algo tão forte que não podemos ver.
Não podemos entender. É teoricamente impossível algo sair de dentro de um buraco negro para fornecer dados. Antes de entrar nele a coisa já é transformada em outra coisa só por causa da força de suas ondas gravitacionais. Dentro do buraco nada funciona como conhecemos. A matéria, os átomos, a luz e até o próprio Tempo com T maiúsculo distorce de tal forma que não temos como conceber. A lógica simplesmente não funciona.
Olhar um buraco negro e tentar entender algo é como um bebê tentando ler os hieróglifos de uma tumba egípcia.
Às vezes os buracos se fundem. Dançam em volta do outro e dão um último abraço antes de somar suas massas e engolir com ainda mais ímpeto o que está em volta.
Incompreensível, voraz e tem tanta coisa dentro que explicar distorce o tempo para tal. E tudo porque as estrelas que brilham são as mesmas estrelas que morrem.